Quando tudo começou…

Eu nunca imaginei que minha jornada como mãe tivesse tantos desafios. Quando descobri que estava grávida, senti a felicidade preencher cada parte do meu ser. O sonho de segurar meu filho nos braços, vê-lo crescer e ensinar-lhe sobre o mundo era algo que me dava forças para enfrentar qualquer obstáculo. No entanto, a vida tinha planos diferentes para mim.

Com apenas cinco a seis  meses de gestação, comecei a sentir dores intensas, e uma crise de pressão alta. Meu coração acelerou ao perceber que algo estava errado. Meu marido me levou às pressas para o hospital, onde a equipe médica confirmou que eu estava em trabalho de parto prematuro. O medo tomou conta de mim. O médico explicou que o bebê tinha poucas chances de sobreviver, mas fariam o possível para ajudá-lo.

O pequeno Mateus nasceu pesando apenas 700 gramas. Frágil, minúsculo e com a pele tão fina que parecia de vidro, foi imediatamente levado para a UTI neonatal. Eu não pude segurá-lo naquele momento, apenas observei de longe, enquanto enfermeiras e médicos lutavam para estabilizá-lo. Eu senti um misto de alegria e medo, pois sabia que a batalha pela vida do meu filho estava apenas começando.

Os primeiros dias foram os mais difíceis. Cada bip das máquinas era um lembrete de que Mateus estava entre a vida e a morte. Eu não saia do hospital. Dormia em uma cadeira desconfortável, minha alimentação era irregular, e as orações eram constantes. Os médicos diziam que ele precisava de tempo, mas ninguém podia garantir que ele resistiria. A cada nova infecção, a cada oscilação nos batimentos cardíacos, eu sentia meu coração se partir em mil pedaços. Mas desistir nunca foi uma opção.

Eu vi outras mães irem e virem, algumas levando seus bebês para casa, outras partindo com o coração despedaçado. Em meio a esse turbilhão de emoções, me mantive firme, falando com Mateus sempre que podia, tocando suavemente suas mãos minúsculas e cantando baixinho para ele. Aos poucos, ele começou a reagir. Os médicos chamavam-no de guerreiro, pois, contra todas as previsões,Mateus estava vencendo cada obstáculo.

Os meses passaram, e finalmente chegou o dia em que eu pude segurá-lo no colo. Foi um momento inesquecível. O pequeno corpo, tão leve, encaixava-se perfeitamente em seus braços. Eu chorei muito  de alívio e felicidade. Sentia que cada segundo de espera, cada noite em claro e cada oração tinham valido a pena.

Um ano depois, Mateus recebeu alta. O hospital havia se tornado a minha primeira casa,  e sair de lá foi emocionante. Porém, a jornada estava longe de terminar. O desenvolvimento de Mateus era mais lento do que o esperado. Ele demorava a reagir a estímulos, não mantinha contato visual e parecia viver em seu próprio mundo.Eu sentia que algo estava diferente, mas os médicos pediam paciência.

Decidir  buscar uma avaliação mais detalhada. O diagnóstico veio como um choque: autismo.Eu  senti o chão sumir sob seus pés. Havia lutado tanto para manter Mateus vivo, e agora via-se diante de um novo desafio. O medo do desconhecido tomou conta dela. Como seria a vida de Mateus? Ele sofreria? Poderia ter amigos, estudar, ser feliz?

Nos dias seguintes, passei por uma tempestade emocional. Chorei, senti-me perdida e culpada, como se de alguma forma tivesse falhado com seu filho. Mas logo percebi que o amor que sinto por Mateus era maior do que qualquer diagnóstico. Ele ainda era o mesmo menino doce e forte que havia lutado bravamente pela vida.

A terapia que fiz já no hospital foi fundamental para eu poder aceitar que eu não era culpada. Isso me ajudou a encarar os fatos de um modo mais ameno. Mas dentro de mim, existia uma força que dizia que eu iria curar meu filho e ele seria igual a qualquer garoto em breve.

Histórias que acolhem
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